quarta-feira, 27 de maio de 2009
terça-feira, 19 de maio de 2009
dezanove de maio de dois mil e nove
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dentro do novelo há pontas soltas
às voltas
e cada volta da memória solta um nó
cego
dentro do copo e do corpo nas pontas de um pé quebrável
a cada volta
como se o tempo fugisse solto de um nó
na ponta
dos dedos
se as margens do rio fossem um novelo de água e areia fina
sem margens nem dúvidas
nem pontas soltas
e a memória um nó cego dentro do corpo inquebrável
os meus dedos fugiriam a cada volta
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sábado, 9 de maio de 2009
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Roubar palavras
Temos o voo do coração na ponta dos dedos e depressa abrimos a mão que o pendura em silêncio
sem que ninguém se assuste com o bater das asas
Cruel é a tarde de calor absoluto dentro de um caixão bafiento
- E é perversa a forma exagerada como a cidade pendurou ao pescoço seus filamentos de néon enquanto as nuvens ainda fiam a ténue luminosidade do crepúsculo
Cruel é querer mais além quando nos ossos guardamos a essência do voo e na pele a solidão de muitos caminhos
Vivemos com a obsessão de um rio a desaguar no amanhecer
Entre os olhos um fio de metal cortante e a balbuciar, dentro do sonho, as palavras que nunca ousaremos dizer
postas em fuga numa insónia recomeçada pelos alicerces calcários da cidade ou pelos passos gravados nas areias da memória
Só o mar das outras terras é que é belo, dizias
e eu nada sei desses mares por fabricar
Chamaremos nomes às coisas ou poderemos monologar com as paredes de dar-lhes as cores desbotadas das laranjas
A cidade dorme enquanto começo o jogo e antes que a flor de açafrão rompa a pele das pedras
E já é tarde para reverter a crosta da terra
nem que eu viva para pronunciar o teu amargo nome
porque nem mesmo o inflexível rigor da morte exterminará
[o lado escondido das ilhas que amo]
o gelo calado das minhas mãos.
sem que ninguém se assuste com o bater das asas
Cruel é a tarde de calor absoluto dentro de um caixão bafiento
- E é perversa a forma exagerada como a cidade pendurou ao pescoço seus filamentos de néon enquanto as nuvens ainda fiam a ténue luminosidade do crepúsculo
Cruel é querer mais além quando nos ossos guardamos a essência do voo e na pele a solidão de muitos caminhos
Vivemos com a obsessão de um rio a desaguar no amanhecer
Entre os olhos um fio de metal cortante e a balbuciar, dentro do sonho, as palavras que nunca ousaremos dizer
postas em fuga numa insónia recomeçada pelos alicerces calcários da cidade ou pelos passos gravados nas areias da memória
Só o mar das outras terras é que é belo, dizias
e eu nada sei desses mares por fabricar
Chamaremos nomes às coisas ou poderemos monologar com as paredes de dar-lhes as cores desbotadas das laranjas
A cidade dorme enquanto começo o jogo e antes que a flor de açafrão rompa a pele das pedras
E já é tarde para reverter a crosta da terra
nem que eu viva para pronunciar o teu amargo nome
porque nem mesmo o inflexível rigor da morte exterminará
[o lado escondido das ilhas que amo]
o gelo calado das minhas mãos.
(a partir de Al Berto)