Porque um dia alguém me disse
"......porque se partires com alguma coisa dentro de ti.... um dia, quando menos esperares, esse pedaço vai te esmagar.... por mais pequeno que seja.
Não quero que te precipites....porque se o fizeres posso ainda não ter chegado ao fim do poço para te apanhar... Mas quando esse dia chegar(?) vou precisar de ti.... porque tenho muito receio que me faltem as forças, que me falhem as pernas quando for altura de te segurar."
“Lembro-me de ti.
Da casca dos teus pulsos.
Do teu olhar anos 40
Sentada no alpendre da casa-museu.
Da tua voz Hammond
Quando me cantavas refrões de canções sobre dias de chuva.
De como me tocavas de ouvido
De como me pigmentavas de azul
As pontas sépia dos meus dedos
Do nosso filho que sangrava a ecos espaçados.
De como o esmalte dos teus pés se gastava
Sempre que te regava.
De como te encontrei depois,
Encolhida entre duas folhas
E sem saber o caminho de casa
Com um sorriso mudo e estilizado.
Acabei por gastar 2 rolos de papel de cozinha
E 20 metros de película aderente. E é muito”
As pernas falharam. As forças faltaram. O mundo ainda me pesa toneladas sobre as costas.
E agora estou quase a ser esmagada pelo pedaço que é pequeno mas persistente.
2 comentários:
E muito tempo passou ele sem se fazer notar, escondendo-se por trás de novos medos e incertezas.
É pois um grande desassossego.
E desde quando é que tudo tem de ser passional? Abstracção, amigo, abstracção!!!
Os desassossegos estão dentro e quase nunca chegam de fora...
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