quinta-feira, 29 de setembro de 2011

a ler.... "Busca Inacabada" de Karl Popper


«Apesar da noção de falsidade - ou seja, de inverdade -, e consequentemente, por implicação, a noção de verdade, desempenhar um grande papel na "Logik der Forschung" (The Logic of Scientific Discovery), eu tinha-a usado muito ingenuamente e só a tinha discutido na secção 84, intitulada "Observações respeitantes ao uso dos conceitos 'Verdadeiro' e 'Corroborado'" [...] »

A edição portuguesa, da editora Esfera do Caus, tradução de João C. S. Duarte, tem um prefácio de João Carlos Espada (Professor Catedrático de Estudos Políticos da Universidade Católica e Presidente da secção portuguesa da International Churchill Society).
Uma autobiografia intelectual em que Popper nos relata acontecimentos e ideias que constituíram a base do seu pensamento. Encerra a escrita com uma frase: «Abram os olhos e vejam como é belo o mundo, e como temos sorte, nós, os que estamos vivos! Maio de 1986»

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Amofinação

não conto a ninguém das minhas vontades
não hasteio bandeiras de medo por não ter força nos braços
não ouso sequer a convulsão porque um dia não chorei
amarguem-me a vida aqui e agora
numa última tentativa
porque amanhã será infinitamente tarde

sábado, 22 de janeiro de 2011

e o menino ficou e o demónio também
na força das coisas que nunca foram coisas mas a que sempre chamei “coisas”
aquilo que me perturbava e que nunca passou de um longo e temeroso adeus
desde o princípio
desde o asfalto na auto-estrada onde as horas demoravam a passar
desde o breve momento em que os olhos se cruzaram e a voz segredou “bom dia”
Eram buracos na garganta por onde passavam lamentos em forma de véu e calma da praia negra onde o mar abeirava a pele – eram as mãos sobre as minhas com um pedido soturno de quem não tem onde poisar a cabeça.

- Eu seguro-te quando estiveres mais perto do chão, se ainda me restarem as forças e

“se ainda quiseres poderemos revisitar a Normandia” escrito a spray no muro alto, ao cimo da rua. Já não sobra nem um pedaço do muro, nem um pedaço da memória para construir o muro e escrever nele a esperança.

- Se ainda quiseres poderemos reerguer o muro e escrever nele a esperança. “se ainda quiseres” é a certeza incondicional de que nunca quiseste.

depositava em mim toda a confiança para se deixar cair do alto do muro onde nunca se escreveu nenhuma esperança.
e eu a mãe. eu a agasalhar no ventre a fome do outro. eu a salpicar de açúcar o amargo da existência – do outro. eu a ficar mais frágil, mais neutra, mais insalubre. o oxigénio a faltar e o muro na minha frente, construído sem mácula, sem graffiti, sem desejo. eu não a mãe, a débil filha, a frágil criatura, sem rumo, sem muro, sem lágrimas, sem pejo, a pedir de joelhos a misericórdia, a afastar o barco do cais. a navegar sozinha, a engolir em seco a súplica e os artelhos a tentarem aguentar o corpo, reerguerem o corpo onde nunca se escreveu a esperança, onde a mácula era de sangue e o torpor se instalava.