domingo, 16 de julho de 2006

hoje apenas roubei o texto e agrafei

Adoro ouvir falar nas tuas costas,
de ti e dos tais crimes que tu fazes.
(É o tipo de coisas que não gostas
mas é do que as pessoas são capazes).

Nunca me intrometi. Deixo falar.
Por estranho que pareça, o julgamento
assim, à revelia, é salutar.
O réu é condenado de momento

depois volta, andando em liberdade,
a cometer mais crimes, mais excessos
contra a tradicional moralidade,

confundindo direitos e avessos.
E eu que sou escrivão contra vontade
arquivo, livremente, os teus processos.

Joaquim Pessoa in Sonetos Preversos

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