segunda-feira, 15 de março de 2010

“9:46”


Erguer a cabeça

Devagar

A pálpebra cansada de um sono antigo

Duas ou três palavras vagas, na mudez, perscrutam o coração

O ritmo cardíaco marca o compasso e a espera com convicção e com uma tristeza rigorosa

O sono antigo esboroa-se num devaneio vivo

Varro as folhas mortas e amontoo-as com o cuidado de um deus - o vento não espalha montanhas

Nas mãos tenho a ausência das coisas

E na pele um lugar vazio

Olho o mesmo vazio, quieta,

E nele adivinho um sonho ténue