domingo, 6 de setembro de 2009

anestesia ou a vã glória de marchar

A polícia entrou na sala de espera. Havia dois agentes de sexos diferentes. Tinham a farda suja e cheiravam a hortelã. A polícia olhou para ambos, pelo canto do olho. Não havia nada a fazer. O cheiro espalhava-se pelo corredor arrastando consigo a atenção alheia. A intenção dos agentes era contaminar. A polícia observou atentamente cada detalhe. Acomodou a máquina de escrever e abriu o inquérito. Os agentes, envergonhados, baixaram os olhos. Não havia mesmo nada a fazer. A população inalava. Dentro de pouco tempo seria considerada uma pandemia. A polícia terminou o relato e desligou o transístor. A secretária baixou as persianas, desligou a luz no quadro e fechou as portas à chave despedindo-se do porteiro. Mais tarde soube-se que tudo não passou de um boato.