sexta-feira, 28 de novembro de 2008


C’est pour te manger.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008


atravessar a praça

como quem atravessa a vida

sábado, 22 de novembro de 2008







Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo de soslaio que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.


Que pena que tenho dele! Ela era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas cousas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos...

Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...





Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos, 1911-1912

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

de profundis amamus

Ontem
às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria


Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros


Olha
como só tu sabes olhar
a rua os costumes


O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
e há quatro mil pessoas interessadas
nisso


Não faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo
azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso


Mário Cesariny

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Coimbatore, India, 2007
os deuses e os homens e os homens-deuses
e os deuses-bichos e os bichos-homens e os homens-homens
os deuses-deuses
sobre
os homens e os bichos

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Emocionante:
a ampola partiu-se e, mais tarde, foi restaurada.......
50 cc of Paris Air
1919
Marcel Duchamp
Glass ampoule (broken and later restored)
Height: 5 1/4 inches (13.3 cm)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

fundo de chávena de café

[pontos de vista]

sábado, 1 de novembro de 2008

...vou entrar...