sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Uno vuelve siempre
A los viejos sitios
Donde amó la vida
domingo, 14 de dezembro de 2008
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
sábado, 22 de novembro de 2008
E sabendo de soslaio que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ela era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas cousas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos...
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
de profundis amamus
Ontem
às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria
Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros
Olha
como só tu sabes olhar
a rua os costumes
O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
e há quatro mil pessoas interessadas
nisso
Não faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso
Mário Cesariny
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
terça-feira, 11 de novembro de 2008
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
sábado, 1 de novembro de 2008
terça-feira, 28 de outubro de 2008
domingo, 19 de outubro de 2008
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Hoje acordei atordoada. A cama parecia um ninho e eu enroscada na folhagem. Sentia o peso das horas sobre as cobertas e sobre mim. Ao fim desta comprida abstinência acabei por me arrastar para um banho demorado. Os banhos são consoladores. Saí para fazer as coisas dos dias e fui parar na Fnac a tomar um café. Numa grande tela estava a ser projectado um filme que me fez demorar por lá.
“Tu na rien vu a Hiroxima”
Fiquei ali quase 90 minutos numa mesa de café atordoada pela história que acontecia na minha frente.
Depois levantei-me sossegada e comprei um livro de um autor que me faz pensar. Voltei a casa e estava tudo no mesmo sítio mas o peso das horas já não repousava nas minhas cobertas.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Passeio
olho as pedras roladas do teu leito,rio de sonho que me desafias
a cantar, a cantar noites e dias,
como um velho poeta insatisfeito.
pedras roladas, os teus versos brancos,
jóias de inspiração
arrancadas ao sono dos barrancos
e a brilhar no trajecto da canção.
Miguel Torga
Gerês, 8 de Agosto de 1952
sexta-feira, 4 de julho de 2008
quarta-feira, 2 de julho de 2008
sexta-feira, 30 de maio de 2008
domingo, 25 de maio de 2008
domingo, 18 de maio de 2008
sexta-feira, 2 de maio de 2008
não voltarás a sentar-te onde me sento agora, na cadeira
a mesma cadeira, como quem joga os mesmos números a confiar na sorte
o olhar poisava nos telhados dos velhos armazéns atravessados pelo tempo
agora quintais envelhecidos pelo mesmo tempo
já sem tanques pintados de amarelo, já sem roupa, sem cigarros, sem horas tardias e sem
a gaze do fundo
sem o pano de boca
e as palavras mergulhadas em éter para não perderem a forma
e o formol injectado no coração da gaivota e ela a fechar os olhos devagar, a perder a força
já não me abres a porta e as malas para voltar a fechar e pôr tudo no lugar
o lugar vazio onde me sento sem força a fechar os olhos devagar
a Mimi foi embora para outro quintal à procura da morte
e tu a perguntares pelas máscaras, pela Maria que odiava a mãe e boiava sem vida num bocado de rio
tocas para mim no piano da tua avó o silêncio ermo
tinhas os dedos de criança e com eles escrevias os restolhos das cabras e da noite
o asfalto tem fome de ternura
não voltarei a cair em tentação